quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Quais os segmentos de mercado que serão destaque para os negócios em TI em 2012

Por Marco Antonio Chiquie*



E mais uma vez os relógios chegaram à meia noite de 31 de dezembro, assim, psicologicamente começamos um novo período e tecnicamente um novo ano.

Esse truque do tempo para renovação das coisas está presente na vida do ser humano, seja pela existência do dia e da noite, do relógio de 12 horas, do calendário de dias, da semana, mês e ano.
Desta forma, se espera que a vida seja renovada continuamente e assim as tarefas, metas e soluções aos problemas sejam parte de um ciclo que começa e termina após cada período, mesmo que o período seja de milésimos de segundos de um simples pensamento.

Dias atrás estava observando a capa de uma conhecida publicação em revista de circulação nacional, voltada ao segmento econômico/financeiro que dizia: “2011: O ano que não terminou”. Aquilo me chamou a atenção, pois todo ano sempre termina em 31/12, então, fui entender o que estavam dizendo.

A notícia da capa referia-se ao problema da dívida soberana dos países da comunidade econômica européia, seus déficits monumentais e a incapacidade dos países da Zona do Euro em resolver o problema, que teve forte agravamento no início de 2011 e mesmo assim permaneceu se arrastando de forma bastante indefinida em 2012.


Com essa indefinição entramos em 2012 com falta de previsibilidade. Esta condição é ruim para planejar os negócios de todos os segmentos da economia, em todas as regiões globalizadas do mundo e assim, temos uma situação “ímpar” a ser conduzida. Definir metas que provavelmente serão modificadas durante o ano, dependendo do rumo das reuniões e acordos a serem realizadas entre os países da União Européia, e que ditarão as regras do jogo, mesmo depois dele já ter começado.

E o Brasil, como fica em meio a tudo isso?


Apesar de estarmos totalmente ligados aos acontecimentos das principais economias do mundo e estarmos neste momento desacelerando o ritmo de crescimento, sem ainda saber ao certo o piso da desaceleração, acredito que após um primeiro trimestre bastante incerto, assim que houver demonstração do rumo das principais economias do planeta, voltaremos a ser alvo de direcionamento dos investidores, e assim, voltaremos a nos surpreender com a dinâmica dos negócios em TI, fundamentais para o aumento da produtividade das pessoas e empresas.


Neste cenário, baseado em informações e pesquisa realizada pelo IT DATA para a Abradisti no final de 2011, coloco a seguir segmentos que serão destaque em 2012:


Governo:


2011 foi o primeiro ano de mandato das esferas federais e estaduais. Normalmente os investimentos em TI são postergados, principalmente em infraestrutura de TI. As aquisições de PCs, servidores, impressão, rede, etc, este ano foram bem abaixo em relação ao ano de 2010. Haverá um crescimento moderado nos investimentos em TI em 2012.


Prestação de serviços:


O segmento de serviços, excluindo-se as empresas prestadoras de serviços financeiros e as de utilidades, conta com cerca de 2,1 milhões de empresas no Brasil, representando 57% do PIB brasileiro e constituindo o segmento que mais emprega no país, com aproximadamente 14,1 milhões de trabalhadores. Menos de três mil empresas deste segmento possuem mais de 500 funcionários. 99,5% possuem menos de 100 funcionários. O segmento de serviços é o que mais investe em TI, representando 24% do total. O IT Data estima que haverá um crescimento de 12% nos investimentos em 2012.


Indústria:


Cerca de 45% das empresas inseridas nas 500 Maiores da Exame são do segmento industrial. O aumento dos investimentos em TI da indústria foi de apenas 6% em 2011, bem abaixo da média de outros segmentos. A desvalorização do Real é tida como fundamental para a recuperação da competitividade das empresas e aumento de exportações.
Havia 537.650 empresas deste segmento em 2005. Cinco anos depois, houve uma queda significativa de 16%, apesar de todo aquecimento da economia brasileira. As maiores quedas vieram dos setores de calçados, têxtil, bens de capital e eletroeletrônico.


Finanças:


O setor financeiro no Brasil é composto por 155 bancos, sendo 130 múltiplos e 25 comerciais. Ao todo, estes bancos possuem 20.088 agências espalhadas em todo o território nacional. Eles geram mais de 450 mil empregos diretos. Cinco bancos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Santander, Itaú e Bradesco) representam 80% dos investimentos em TI do setor.
Outro setor importante no segmento financeiro é o de seguros, que emprega 60 mil pessoas. Há também o mesmo tipo de concentração neste setor; Itaú e Bradesco representam boa parte dos investimentos.


Comércio:


O segmento faturou R$ 1,6 trilhão em 2010, com crescimento de 11% em comparação ao ano anterior. Foi o quarto maior crescimento mundial. A maioria das empresas do comércio varejista é de pequeno porte. Apenas 0,4% possuem mais de 100 funcionários. Apenas 1.472 empresas possuem mais de 500 funcionários.
O número de novos estabelecimentos comerciais vem crescendo a uma taxa de 5% ao ano nos últimos cinco anos. A única exceção são os supermercados, onde está havendo um aumento de concentração.
A estimativa do IT Data é que os investimentos em TI no segmento comércio crescerão 15% em 2011 e há excelentes perspectivas para 2012.


Óleo, gás e mineração:


Os investimentos em TI deste segmento vêm crescendo acima da média do mercado nos últimos cinco anos, mas ele não é representativo no total do mercado (4%). Este é um segmento com enorme concentração em empresas como Petrobrás, Vale do Rio Doce, Votorantim, etc.


Agrobusines:


O segmento emprega 18 milhões de pessoas, mas apenas 3,2 milhões são permanentes. Isto explica porque, apesar de ser tão importante para o país, o segmento é pouco representativo nos investimentos em TI, apenas 2% do total.
O agronegócio tem participação de mais de 50% do PIB de estados como
Goiás, Mato Grosso e Santa Catarina.
Com o aumento de consumo de alimentos em países como a China e Índia, os preços dos alimentos só tendem a crescer. Isto já foi visto em 2010 e 2011 e a tendência é de um maior aumento em 2012, devido às mudanças climáticas e desastres naturais de alguns países produtores de alimentos.


Utilidades:


O segmento de utilidades é formado por empresas de saneamento básico, limpeza urbana, geração e distribuição de energia.
Este segmento representa 3% dos investimentos em TI, mas é o que mais vem crescendo nos últimos cinco anos, com taxa média de 15%. O principal setor deste segmento são as empresas de geração e distribuição de energia.


Segmento Doméstico:


A situação econômica brasileira está favorável para o consumo das pessoas físicas. O desemprego no Brasil ficou em 5,8% em outubro, menor taxa desde 2002, caracterizando o que os economistas chamam de pleno emprego. A renda média do brasileiro está estabilizada nos últimos meses em R$1.607,00.


O IBGE divulgou que o número de residências com PCs saltou de 10% em
2000 para 38,3% em 2010. A IT Data estima que este percentual atingirá 41% ao final de 2011.
O segmento doméstico ou pessoa física vem experimentando um aumento de compras de produtos de tecnologia nos últimos sete anos devido a queda constante dos preços dos produtos tecnológicos. Em 2011, este segmento representou 62% das compras de PCs e 92% dos tablets.
A IT Data estima que as pessoas físicas gastarão 14,7 bilhões com TI m 2011 e a previsão para 2012 é de aumento de 13%.


Diante disso, a perspectiva média de crescimento do mercado de TI no Brasil para 2012 situa-se entre 7% e 10%, o que certamente ficará acima da média mundial, demonstrando mais uma vez grande oportunidade ao canal de distribuição para a continuidade do desenvolvimento dos negócios no país e assim afirmar ainda mais sua importância e relevância para o setor.


Para aproveitar a oportunidade que se desenha, distribuidores e revendedores precisam seguir investindo fortemente em capacitação de suas equipes e aproveitar o momento de incerteza do primeiro trimestre para se preparar para demanda dos próximos trimestres e então fechar o ano de 2012 com prosperidade e fôlego para os próximos anos. Fechando assim o ciclo do tempo com a certeza da tarefa cumprida e a visão clara dos ciclos que virão.

*Marco Antonio Chiquie é Diretor da ABRADISTI, Associação Brasileira de Distribuidores de TI e Diretor Geral da AGIS