terça-feira, 19 de abril de 2011

Até onde vai nossa ENERGIA?



Por Bruno Coelho*

Após os recentes acontecimentos no Japão, no último 11 de março (que voltaram a atordoar o país em 12 de abril), em relação as usinas nucleares, me veio a cabeça uma questão: teria o BRASIL, gabarito para construir, usar e lidar com os problemas causados por mais usinas? E sobre as nossas usinas nucleares em Angra – temos capacidade para administrar possíveis problemas, como os do Japão? E o que isso tem a ver com T.I.? TUDO! Imagine que, com mais T.I., mais energia é necessária, formando um ciclo sem volta.

No Brasil temos Angra I e II (a III ainda está em construção) e a grande ideia (notaram a IRONIA?) da construção de mais duas usinas hidrelétricas em Belo Monte, no estado do Pará. Essas usinas visam suprir a demanda energética que o país vai ter daqui para frente e atender aos investimentos que estão por aí (pré-sal, copa, olimpíadas etc..). Para ter uma ideia, a força gerada pela usina de Belo Monte terá a capacidade de abastecimento para 26 milhões de pessoas.

Não sou nenhum especialista em energia; apenas um ser pensante e preocupado com o modo que grandes obras como as citadas ocorrem no Brasil. Não há outros meios de conseguir a energia necessária para os avanços? Quais são os impactos causados por fontes energéticas desse porte? Estamos preparados para problemas ocasionais?

Se o Japão, sendo um país extremamente organizado, com cultura organizacional forte e muito planejamento, está enfrentando problemas com os impactos do TSUNAMI e do TERREMOTO, imaginem o Brasil. Não que não sejamos mais ou menos inteligentes que eles. Claro que não! O fato é apenas que estamos muito preocupados com o FIM, sem nos preocuparmos com os meios. Será que um justifica o outro? Digo-te: não.

Os impactos causados valerão à pena? As vantagens são realmente compensadoras? Novamente, acredito que não. Só pelo estudo feito pelo IBAMA, são mais de 30 fatores negativos, dentre eles:
· Aumento da população e da ocupação desordenada do solo;
· Perda de vegetação e de ambientes naturais com mudanças na fauna, causada pela instalação da infraestrutura de apoio e obras principais;
· Inundação permanente dos abrigos da Gravura e Assurini e danos ao patrimônio arqueológico, causada pela formação dos reservatórios;
· Prejuízos para a pesca e para outras fontes de renda e sustento no trecho de vazão reduzida.


Além disso, o caso de Belo Monte envolve a construção de uma usina sem reservatório e que dependerá da sazonalidade das chuvas. Por isso, para alguns críticos, em época de cheia, a usina deverá operar com metade da capacidade, mas, em tempos de seca, a geração pode ir abaixo de mil MW, o que somado aos vários passivos sociais e ambientais coloca em xeque a viabilidade econômica do projeto.

Dois pontos polêmicos ficam para reflexão:
1º ponto: SE ALGO DER ERRADO, TEMOS MANEIRAS DE REVERTER e SE TEMOS TANTOS RECURSOS, POR QUE NÃO PENSAR EM OUTRAS FONTES DE ENERGIA?
2º ponto: Temos competência (entende-se pela Capacidade ou suficiência - fundada em aptidão - para algo/alguma coisa) para lidar com tamanhos prejuízos possíveis a serem causados?

Pela última e definitiva vez, minha resposta é não. Basta agora, nós brasileiros, pensarmos bem em como deixaremos a história ser contada para as próximas gerações: como simples espectadores ou como pessoas capazes de mudar o curso da história.

*Bruno Coelho é Gerente de Marketing da AGIS, uma das principais distribuidoras de TI e Telecom do país.

Contato: bruno.coelho@agis.com.br